Reflection: A essência da crônica

Por dias sentava para escrever, mas não acreditava que aquilo que tinha era merecedor de um espaço.  Por dias tentei me expressar, mas não conseguia. Por dias tentei encontrar algo inspirador. A inspiração fugia de mim.

Mais um dia chegou, tudo ia igual, o sol escaldante, o cansaço incessante, o sono sobre as minhas costas, o mesmo caminho.

Um carro velho, sujo que parece aconchegante com aquele calor que só ele proporciona, normal até aí, afinal, carros, tantos por aí. Um menininho sujo com o chinelo velho, gordinho, com um coração enorme. E um pai, um pai que poucos têm, que doou uma pequena parte de seu enorme coração para seu filho.

Deitados no asfalto quente com a preocupação voltada para um pequeno pássaro, inocente, com a asa quebrada, sem poder fazer o que de melhor sabe, voar.  Com um olhar cheio de amor, o menino sujo fala para o seu pai:

_ Podemos cuidar dele?

E o seu pai apenas lhe sorri.

E esse foi o motivo pelo qual me fez, em uma vaga lembrança do momento, abrir um sorriso para escrever o que por dias não enxergava: a essência da crônica.