Reflection: Síndrome do Trabalho Mal Feito


Cheguei do trabalho exausto, horas extras não paga a loucura desorganizada que fica a minha cabeça. Contas e mais contas daquela velha empresa, não posso fazer nada se ela fechar as portas. Não me importo com isso, venho arrumando uns bicos aqui, ora ali. Minhas contas vou pagando. 
Sábado a tarde é o melhor horário, um banho quente e cama. Como minha cama é boa!
O quarto ficou claro, Me despertei do meu mini coma semanal, já são nove e meia da manhã. Está na hora de sair para comer no Bar do Bento. Viro para um lado, para o outro, a cama me chama. Quando consigo tirar o lençol de cima de mim e olho meu corpo, ele está cheio de números que se mexem, estão ficando pequenos e surgem mais, cada vez mais. 
Dou um pulo da cama, corro para a frente do espelho do banheiro, meu rosto está com botões de calculadora fundido na minha pele. O que eu faço? Unho meu corpo, meu rosto, mas nada, continua igual, aliás, o diferente que amanheceu. 
Procuro desesperadamente a agenda amarelada, quando criança tive uma verruga branca de uns dois centímetros no meio da testa e o médico Topsony tirou. Pronto, achei o número. Vou discando o número e de repente meus dedos se transformam em lápis. 
_Alô. Consultório Dr. Topsony. Giselda. Bom dia!
_Eu preciso de uma consulta urgente para agora. 
_Qual é a especificação do caso, senhor?
_Eu não sei, me passa o endereço do consultório.
_Rua Gervazolina nº 1307
_Chego em quinze minutos. 
_Obrigada senhor, tenha um bom dia. 
Vou correndo para a garagem, entro no meu carro e acelero rumo ao consultório. Treze minutos e duas multas de trânsito e cheguei. Entro e avisto a secretária em uma mesa pequena. Vou ao seu encontro. 
_Consultório Dr. Topsony. Giselda. Bom dia! - ela falou isso mais uma vez, não faz sentido. 
_Eu liguei há pouco para ...
-Dr. Topsony te aguarda no consultório 3, senhor, tenha um bom dia. 
Entro no consultório, sem saber o que dizer e como explicar, quero uma resposta científica. 
_Bom dia senhor, o que posso ajudar?
Eu fiquei desconcertado, meu corpo cheio de números, meu rosto com botões e meus dedos-lápis não significam nada?!
_Acordei assim doutor, não sei o que é, que remédio vou tomar?
_Uhn sei - pegou seus instrumentos na gaveta e examinou meu olho, ouvido e outros orifícios - Sim, muito comum em homens de meia idade e mulheres sobrecarregadas.
_O que tenho doutor?
_Síndrome do Trabalho Mau Feito, pessoas que não se sentem satisfeitas com o próprio trabalho têm o mesmo cravado em seu corpo. 
_E o que eu faço doutor?
_Nada. 
O Doutor Topsony então falou por um aparelho com a secretária:
_Próximo, Giselda. 
_Sim, senhor Doutor Topsony. 
Então levantei com vontade de esmurrar esse doutor que não fez nada por mim e quando fui saindo meus pés viraram papéis quadriculados próprios para contabilizar. Perdi o equilíbrio, cai no chão do consultório. 
_A loja ao lado vende cadeiras de rodas, senhor contador. - disse Topsony.   

Comentários

  1. Incrível o texto, muito bom mesmo, amei, arrasou Carol :) o pior que só que tem é esse síndrome! beijoos

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  2. Gostei do texto, realmente, uma das coisas mais valiosas para se ter sucesso e até felicidade é fazer tudo bem feito, com garra, com gosto. :)

    Adolecentro

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  3. Muito bacana o texto
    Gostei bastante da mensagem

    Beijos
    @pocketlibro
    http://pocketlibro.blogspot.com.br

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  4. Retribuindo a visita *-* Quando tiver post novo avisa, tá? Beijos!
    Adolecentro

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  5. Bem legal o seu texto Carol, estava com saudades daqui e de acompanhar seu blog, *--* voltei a postar ta? beijão! Fanpage do blog, venha CURTIR:

    http://www.facebook.com/pages/Blog-Del%C3%ADrio-Fashion/579696718716385

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