Reflection: Essa não é você
Tava aqui no meu canto, olhando de canto de olho, tentando fazer a egípcia, brincando de homem invisível, mas não teve jeito. Tenho que falar. Essa aí não é você.
Esse cabelo partido de lado nunca fez parte de sua
personalidade, esses óculos grandes nem se fala, estar sempre arrumada não combina.
Se preciso for, vou te lembrar de você mesma. Se você esqueceu, faço questão de
te falar: você é uma menina, mais do que isso, uma boa menina. Daquela
discreta, que não precisa estar com uma mini saia e maquiagem para ser
admirada.
Esse abraço não é você. Nos seus verdadeiros braços, você se
joga, e segura como se fosse o melhor presente do mundo. Nada desse negócio de “abraçar
sem querer” e manter distância. Pra você: peito no peito, cabeça no ombro e
nada menos do que isso.
Que dia você começou com esse cumprimento com dois beijinhos
na bochecha. Você não é adepta da política da boa vizinhança. Ou é ou não é. Ou
você se joga num abraço receptivo ou – se a pessoa é chata - sem contato físico
mesmo. Pior que isso, só essa história de bochecha na bochecha. Bochecha não foi
feita pra isso, ela serve para receber aqueles seus beijos demorados que você
já deve ter esquecido.
Esse menino aí que recebeu seu beijo não precisa ficar alegrinho
não. Essa aí não é você, ainda bem. Seu beijo é cheio de cor e vida, é mais que do que qualquer um merece. Não vou me demorar falando do seu beijo, porque bate
vontade e eu perdi o passe.
Essa não é você. Cadê você? Qual nave espacial te abduziu, quem te sequestrou, você nem me disse que tinha irmã gêmea. Se quiser posso te trazer de volta, te reanimar com uma respiração boca a boca e como uma boa desfibrilação sem usar desfibrilador, se é que você me entende. Ah, você sempre me entende. Vem cá, pode ser mais legal que frio, filme, cobertor ou brigadeiro. Ou se nos conheço, melhor do que isso tudo junto.
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